Queridos amigos, dando continuidade à nossa série de argumentos
(baseados na razão) sobre a existência de Deus. Hoje, apresentaremos o sexto
argumento. Lembre-se o que disse John Stott: “Crer é também pensar”.
Deus lhe deu uma mente e inteligência! Use-a e cresça! Não use sua inteligência
para contrapor Deus, você nunca conseguirá isso, mas a use para se aproximar de
Deus.
Parte 6 – Argumento Kalam
O vocábulo árabe kalam significa literalmente discurso,
mas também pode descrever um certo tipo de teologia filosófica – o tipo que
contém argumentos de que o mundo não pode ser infinitamente antigo e, portanto,
tem de ter sido criado por Deus. Esse tipo de argumento tem tido um apelo amplo
e duradouro tanto entre cristãos como entre muçulmanos. Sua forma é simples e
direta.
1.
Seja o que for
que venha existir, precisa de uma causa para que possa existir.
2.
O universo
começou a existir.
3.
Portanto, o
universo tem uma causa.
Vejamos a primeira premissa. (A maioria das pessoas consideraria
essa afirmação não apenas como provavelmente verdadeira, mas como certa e
obviamente verdadeira.)
E a segunda premissa? É verdadeira? O universo – a coleção de todas
as coisas restritas ao espaço e ao tempo – teria começado a existir num
determinado momento? Essa premissa recentemente recebeu um apoio poderoso da
ciência natural – a partir da chamada cosmologia do Big-Bang. Também há
argumentos filosóficos a favor dela. Vejamos quais.
Será que uma tarefa infinita pode ser realizada ou completada? Se,
para alcançar determinado fim, etapas infinitas tivessem de precedê-lo, será
que podemos algum dia alcançar o fim? É claro que não – nem mesmo em um tempo infinito.
Isso porque o tempo infinito não teria fim assim como as etapas. Em outras palavras,
nunca alcançaríamos o final da sequência. A tarefa nunca poderia e nunca seria
completada. Entretanto, o que podemos dizer do passo imediatamente anterior ao
fim? Será que poderíamos alcança-lo? Bem, se a tarefa é realmente infinita,
então uma infinidade de etapas também tem de preceder o penúltimo passo. Portanto,
a etapa que antecede à derradeira também nunca poderia ser alcançada.
E o mesmo aconteceria com a etapa anterior a ela. De fato, nenhuma
das etapas na sequência poderia ser alcançada, porque um número infinito de
etapas deveria preceder cada uma; sempre será necessário passar por uma de cada
vez antes de chegarmos na etapa desejada. O problema acontece quando supomos
que uma sequência infinita pode alcançar, por uma sucessão temporal, qualquer
ponto.
Se o universo nunca teve início, ele sempre teria existido. Então,
seria infinitamente antigo. Mas, para isto ser verdade, então uma quantidade de
tempo teria de ter passado antes do dia de hoje, por exemplo. E um número
infinito de dias deveriam ter sido completados – um dia sucedendo o anterior,
um milésimo de tempo sendo acrescentado ao que veio antes dele – para que o dia
atual pudesse acontecer. Entretanto, isso criaria um paralelo idêntico ao
problema da tarefa infinita, pois se o dia de hoje foi alcançado, então uma
sequência infinita de eventos históricos o teria levado a este ponto no
presente.
Isso significa que, se a tarefa foi completada até esse ponto, em
qualquer instante no presente, o todo do passado precisa ter acontecido. Contudo,
uma sequência infinita de etapas nunca poderia ter alcançado este momento
presente ou qualquer outro antes dele. Logo, ou o dia atual não foi alcançado, ou
o processo para que isso acontecesse não foi infinito. Além disso, obviamente o
dia de hoje está acontecendo. Então, o processo para alcança-lo não foi
infinito. Em outras palavras, o universo teve início, portanto ele tem uma
causa para que pudesse vir a existir, ou seja, um Criador.
1ª pergunta:
Os cristãos acreditam que irão viver para sempre com Deus. Logo,
eles creem num futuro infinito. Por que então o passado também não pode ser sem
fim?
Resposta:
Esse questionamento responde a si próprio. Os cristãos acreditam
que sua vida com Deus nunca irá terminar. Isso significa que jamais formarão
uma série infinita completa, ou seja, um futuro infinito é potencialmente – mas
nunca realmente – infinito. Isso significa que, embora o futuro nunca deixe de
expandir-se e aumentar, ainda assim sua extensão real sempre será finita. Entretanto,
isso só pode ser verdade se toda a realidade criada teve início num determinado
momento.
2ª pergunta:
Como podemos saber que a Causa geradora do universo ainda existe? Talvez,
ela tenha dado início ao universo e deixado de existir.
Resposta:
Lembremos que buscamos uma Causa para a existência espaço-temporal.
Essa Causa criou todo o universo de espaço e tempo, e estes, em si mesmos, têm
de ser parte dessa criação. Portanto, a Causa não pode ser outro ser
espaço-temporal. (Se assim fosse, todos os problemas a respeito da duração
infinita surgiriam novamente.) Ela tem de estar, de alguma maneira, fora dos
limites e das limitações do espaço e tempo.
É difícil compreender como um Ser assim poderia deixar de existir. Sabemos
como um ser pertencente ao universo deixa de existir. Ele chega a um instante
no tempo em que é fatalmente afetado por algum agente externo. Entretanto, essa
realidade é apropriada para nós e para todos os seres que estão limitados ao
tempo e ao espaço. Um Ser que não esteja limitado não pode vir a ser ou deixar
de ser. Ele já existia, ainda existe, e tem de existir eternamente.
3ª pergunta:
Mas essa Causa seria Deus, um Ser, e não simplesmente uma coisa?
Resposta:
Suponhamos que a causa do universo tenha existido eternamente e que
não fosse pessoal; que ela teria dado origem ao universo não por escolha
própria, mas simplesmente por existir. Nesse caso, seria difícil imaginar um
universo que não fosse infinitamente antigo, uma vez que todas as condições
necessárias para a existência dele existiriam por toda a eternidade. Entretanto,
de acordo com o argumento kalam, o universo não pode ser infinitamente
antigo. Portanto, a hipótese de uma causa eterna impessoal parece levar a uma
contradição.
Então, qual a solução para a questão? Um universo que tenha surgido
como resultado de uma escolha pessoal e totalmente livre. Uma Causa eterna
poderia ter dado início a um efeito temporalmente limitado. É claro que o argumento
kalam não encerra tudo que os cristãos acreditam a respeito de Deus. Mas reforça
a ideia central da crença cristã em Deus: a de que o universo não é eterno e
que teve um começo; que existe um Criador do céu, da terra e de tudo mais. O argumento
também nos ajuda a contestar a teoria de que a maioria dos ateus deseja manter:
a de que o universo surgiu a partir de um todo de matéria autossustentada em
mudança infinita, em um tempo eterno.
Fonte: Peter Kreeft e Ronald K. Tacelli.
Prostre-se diante desse Deus Supremo, Absoluto, Altíssimo e
Soberano e desfrute de uma verdadeira comunhão com o nosso Paizinho no céu!
“E disse Deus: Haja luz; e houve luz.” Gênesis 1:3
Grande abraço,
Hélio Roberto.