“Aquele que vive isolado busca seu próprio desejo; insurge-se contra a verdadeira sabedoria.” Provérbios 18:1
Em tempos de egoísmo extremo, vemos que o “Eu” está a sobrepor o “Nós” ou o “Você”.
Algumas pessoas simplesmente se isolam do mundo. É bem verdade que Cristo nos afirmou que não somos desse mundo: “Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. João 17:18”, mas isso não quer dizer que devemos nos isolar daqueles que nos cercam; ao contrário, devemos nos aproximar das pessoas cada vez mais em amor, buscando entendê-las e conviver com empatia, e não com simpatia.
Simpatia quer dizer ser gentil, ser educado. Já a empatia quer dizer, literalmente, colocar-se no lugar de outra pessoa, sentir as suas dores, gozar de suas alegrias; ou seja, é compartilhar sentimentos e emoções. O teólogo Leonardo Boff, expoente da Teologia da libertação no Brasil, disse certa vez que “todo ponto de vista é a vista de um ponto”; ou seja, o seu ponto de vista é a vista do ponto no qual você se encontra, uma vez que o ponto de vista de outra pessoa é a vista do ponto no qual ela se encontra. Contudo, conviver com empatia significa ir para o ponto no qual a outra pessoa se encontra, para, assim, conhecer e entender a vista – visão – que ela tem sobre determinado fato.
O versículo-chave supracitado (Provérbios 18:1) nos ensina que se isolar dos outros está em desacordo com a verdadeira sabedoria, ou seja, está em desacordo com a sabedoria divina. Cristo viveu em comunidade. Estava sempre cercado de alguém, distribuindo Sua palavra de conforto e verdade, bem como seu eterno amor.
Quando temos uma complexa engrenagem, ao tirarmos a menor catraca que seja, todo o conjunto pára de funcionar! De igual modo, é mais fácil rasgar uma folha de papel que um grosso livro, pois esta folha está sozinha, enquanto a união de todas as folhas dificulta o seu rompimento.
É interessante como os porcos-espinhos sobrevivem ao frio do inverno. Eles se aproximam instintivamente, pois o calor de seus corpos aquece uns aos outros naquele gélido inverno. Contudo, eles acabam por se machucarem. Aqueles afiados espinhos, à medida que se aproximam, furam aquele que está em sua circunvizinhança. Mas eles não se afastam mesmo com toda a dor dos espinhos... Por quê? Porque aquela dor faz parte do processo de aquecimento. Se eles se afastarem, morrerão de frio! Ora, todos nós também temos defeitos e condutas particulares, e devemos aprender a conviver, utilizando-se do amor de Deus, com os espinhos dos outros. Talvez aquela pessoa que esteja te machucando com seu “espinho” seja a mesma pessoa que está te aquecendo, livrando-te do frio!
Na Igreja primitiva, os apóstolos se reuniam unanimemente. Reuniam-se com amor e alegria: “Todos estes perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele” Atos 1:14
Nós devemos entender que precisamos uns dos outros, e que podemos ser úteis a outras pessoas! Que temos qualidades e que devemos compartilhá-las. Ao nos isolarmos, talvez estejamos privando dos outros o melhor de nós!
Paulo nos ensina que a Igreja é o corpo de Cristo: “Agora me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo, por amor do seu corpo, que é a Igreja; Colossenses 1:24”. Ora, o que é um corpo? Corpo se resume em um conjunto de membros interdependentes. E assim somos nós, um conjunto de pessoas (membros), como Igreja de Cristo, interdependentes; ou seja, dependentes uns dos outros!
Que você tenha um excelente dia, compartilhando sua companhia, seu cuidado e o seu amor, proveniente de Deus, com aqueles que o cercam, na certeza de que como membros, precisamos nos unir uns com os outros para formar o maravilhoso e mais forte corpo que existe: o corpo de Cristo!
Grande abraço,
Hélio Roberto.