Por: Theophilo de Oliveira
As duas últimas décadas vimos o aumento da Igreja
Protestante no Brasil. Com o aumento de crentes, aumentaram também as igrejas,
e com elas seu tamanho e arrecadação. Mais crentes, mais dízimo. Maior o
dízimo, maior o prédio. O problema reside em achar que sucesso é prédio grande.
Assim como na época de Jesus, homens amam coisas
grandes, suntuosas e cheias de aparência. Não somos diferentes. Amamos Igrejas
grandes, cheias de enfeites e conforto. Nos justificamos dizendo: “Deus precisa
do melhor”, que quer realmente dizer é: “Nós precisamos do melhor”. Sob
esse pretexto focamos em objetos quando poderíamos estar focando em pessoas.
Gastamos recursos, tempo e esforço em construções quando Jesus nos conclama em
Matheus 22:39:
“E o segundo [mandamento], semelhante a este, é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
Nossos gastos demonstram quais coisas são
importantes para nós como igreja. Quanto maior a igreja, mais gastos temos com
sua manutenção. Gastamos muito com instrumentos de última geração, projetores,
bancos, mesas com isso ou aquilo. Esses gastos normalmente são muito menores
com o que fazemos em asilos, orfanatos, prisões e com moradores de rua. Focamos
sempre naquilo que nos deixam mais confortáveis dentro de nossos prédios. O
Senhor já avisava ao povo de Israel sobre isso. Em Jeremias 7:4-6 lemos:
“Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo
do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este. Mas, se deveras melhorardes os vossos caminhos e as
vossas obras; se deveras praticardes o juízo entre um homem e o seu próximo; Se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a
viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros
deuses para vosso próprio mal,”
Apesar de todos os avisos na Bíblia, continuamos a
focar nas aparências das coisas:
“Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do
mundo.” 1 João 2:16
Esses versículos nos dizem que não apenas pecamos
contra o Senhor nesses quesitos, mas vinculamos estes mesmos pecados ao chamado
“sucesso” no ministério. Acomodamos muitas pessoas em nossas igrejas e chamamos
isso de sucesso. Nos esquecemos que quanto mais Jesus ficava famoso em Israel
mais suas palavras eram duras aos que queriam realmente segui-lo.
Sem confrontação não há um real crescimento de uma
Igreja, apenas inchaço. Vemos igrejas cheias de jovens na modinha, mas vazias
de um real compromisso com o Senhor diário. Por quê? Porque quanto mais inchada
de crentes uma Igreja menos confrontada ela é. Jesus nunca disse que todos se
converteriam:
“Eu digo a vocês: Ele lhes fará justiça e depressa.
Contudo, quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra?” Lucas 18:8
Nesse sentido, sabemos através desta e de outras
passagens que não seremos recebidos de braços abertos pelo Mundo. Mesmo assim,
baseamos nossas conquistas como o Mundo faz. Contamos quantas pessoas
frequentam nossos cultos, ligando sucesso a números e ignoramos toda a Bíblia.
Alguns Pastores até podem se iludir, mas é
perceptível a superficialidade de frequentadores de Igreja. Não estamos lidando
com um momento positivo na história da Igreja Brasileira, estamos cheios de
pessoas em nossas Igrejas, mas vazios de discípulos.
Isso nos leva a mais um aspecto: a falta de
relação. Igrejas grandes primam pela atenção, não relação. Igrejas menores
tendem a fortalecer relacionamentos duradouros que podem contribuir a uma vida
de obediência em comunhão mais real. Igrejas grandes se escondem nos números,
mas sabem que são sempre poucos envolvidos. Poucos se conhecem ou conseguem
manter um ambiente íntimo e consistente de obediência. Há sempre o argumento:
“Sempre há alguém para fazer por mim”, e quando há momentos de obediência não
podem ser aproveitados pelos gastos excessivos em outras coisas: “Temos que
manter a Igreja, irmãos! Nós também pagamos água e luz!”. Embora devamos
compreender que gastos básicos são necessários, não devem ultrapassar nossas
prioridades.
Contrariar a ideia de promover o Reino apenas
porque temos que trocar o teclado Yamaha todo ano deve ser realmente repensado.
É claro que contas altas ou gastos podem haver tanto em Igrejas grandes ou
pequenas. O ponto em questão é que devemos refletir onde colocamos nosso
coração: em coisas ou em almas? Portanto, deve-se notar que igrejas frutíferas
contribuem para o básico no Reino: Relacionamentos próximos, um princípio
para obediência fora de prédios.
Graça e Paz!
Hélio Roberto.
Twitter: @heliorsousa