segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A Questão dos Alimentos segundo a Bíblia



“Respondeu-lhes ele: Assim também vós estais sem entender? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e é lançado fora? Assim declarou puros todos os alimentos.” Marcos 7:18, 19

Prezados amigos, esse foi um tema sugerido por um leitor do blog, motivo pelo qual pedimos orientação a Deus para que escrevêssemos conforme a Sua santa vontade.

Quero iniciar essa mensagem com a observação de que não tenho a intenção de falar da religião A ou B; o que faço é esclarecer determinada questão à luz do que ensina a Palavra de Deus, e esse é o meu compromisso com nosso Senhor quando escrevo qualquer mensagem: compromisso com a verdade bíblica!

A questão dos alimentos é bem discutida ainda nos dias de hoje, e muitas são as dúvidas quanto aos preceitos bíblicos sobre o tema. No Antigo Testamento, mais precisamente no capítulo 11 do livro Levítico, há uma série de determinações quanto a quais animais podemos e não podemos comer:

Animais que podem ser ingeridos: “dentre os animais, todo o que tem a unha fendida, de sorte que se divide em duas, o que rumina, esse podereis comer. Levítico 11:3”; “Estes são os que podereis comer de todos os que há nas águas: todo o que tem barbatanas e escamas, nas águas, nos mares e nos rios, esse podereis comer. Levítico 11:9”. Poderão ser ingeridos também os gafanhotos, o solham1, o hargol2 e o hagabe3.

Animais que não podem ser ingeridos: O camelo, o querogrilo4, a lebre, o porco; dentre os aquáticos: os que não têm barbatanas nem escamas, todos os répteis das águas, e todos os animais que vivam nas águas; dentre as aves: a águia, o quebrantosso5, o xofrango6, o açor7, o falcão, o avestruz, o mocho8, a gaivota, o gavião, o bufo9, o corvo marinho, a coruja, o porfirião10, o pelicano, o abutre, a cegonha, a garça, a poupa11 e o morcego. Todos os insetos alados que andam sobre quatro pés. Todos os plantígrados12 dentre os quadrúpedes. Dentre os animais que se arrastam sobre a terra: a doninha13, o rato, o crocodilo, o musaranho14, o crocodilo da água, a lagartixa, o lagarto e a toupeira.

Bom, esse é um resumo daqueles animais que são considerados puros e daqueles que são considerados imundos, segundo os preceitos presentes no Antigo Testamento, através da Lei Mosaica.

Entretanto, com a vinda do Cristo Jesus, os mandamentos como forma de ordenança foram derrubados, de modo que judeus e gentios tiveram reconciliação com Deus, por meio de Jesus Cristo: “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz. Efésios 2:14,15”. Ora, os gentios foram admitidos como filhos de Deus, tendo seus pecados purificados por meio do Cristo Jesus. Em conseqüência, todas aquelas ordenanças que os distinguiam dos judeus perderam a importância ou foram purificadas, como a questão dos alimentos imundos, da circuncisão, abominações, etc, através da Nova Aliança por meio do Cristo Jesus. Tal mensagem é ratificada pelo próprio versículo-chave desse texto: “Respondeu-lhes ele: Assim também vós estais sem entender? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e é lançado fora? Assim declarou puros todos os alimentos. Marcos 7:18,19”.

Meus caros, Jesus deixou bem claro que o que faz mal ao homem não é o que entra pela boca, pois o que entra pela boca vira excremento! Contudo, o que sai da boca é que faz mal ao homem! Ora, no final dessa mensagem, Jesus Cristo declarou puro todos os alimentos! Não é o que você come que te salvará, ou que te impedirá de obter a salvação! O que salva é Cristo Jesus, APENAS! Ora, se Jesus disse que todos os alimentos eram puros, é porque alguns alimentos eram considerados impuros, ou seja, Cristo alterou aquela antiga determinação, dizendo que NADA que entra pela boca do homem pode contaminá-lo, no que tange aos alimentos ingeridos.

Alguém, com a intenção de polemizar, pode refutar: Então Jesus declarou o álcool como puro? E eu digo: álcool não é alimento! O que foi declarado como puro foram os alimentos!

Quando Jesus enviou os setenta discípulos para pregarem o evangelho, Ele recomendou: “Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa. Também, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós. Lucas 7: 7,8”. Ora, Jesus sabia que os discípulos encontrariam muitos gentios nessa jornada, e que esses gentios poderiam hospedar alguns dos discípulos, e ainda assim, Cristo ratificou que tais discípulos poderiam comer o que lhes pudessem à mesa, corroborando ao ensinamento descrito em Marcos 7:18,19 (versículo-chave).

Observamos uma passagem bem interessante, no livro de Atos, a qual retrata uma visão do Apóstolo Pedro: “No dia seguinte, indo eles seu caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado para orar, cerca de hora sexta. E tendo fome, quis comer; mas enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase, e via o céu aberto e um objeto descendo, como se fosse um grande lençol, sendo baixado pelas quatro pontas sobre a terra, no qual havia de todos os quadrúpedes e répteis da terra e aves do céu. E uma voz lhe disse: levanta-te, Pedro, mata e come. Mas Pedro respondeu: de modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. Pela segunda vez lhe falou a voz: não chames tu comum ao que Deus purificou. Sucedeu isto por três vezes; e logo foi o objeto recolhido ao céu. Atos 10: 9-16”. Apesar de Pedro também ter ouvido os ensinamentos de Jesus no tocante aos alimentos (Mc 7:18,19), parece que ele ainda não havia aprendido o que Jesus havia ensinado. E isso não é tão incompreensível, uma vez que Pedro era um Judeu fervoroso, o qual vivia sob os preceitos do Antigo Testamento, inclusive quanto às leis cerimoniais; e com questão aos alimentos não era diferente. É bem verdade que o cerne da revelação de Deus se referia à salvação dos gentios, fato este que não afasta os ensinamentos anteriormente apresentados por Cristo.

Como escreveu Graham Scroggie: “é possível dizer ‘não’ e é possível dizer ‘Senhor’, mas não se pode dizer ‘não Senhor’!” Apesar de a recusa de Pedro ter sido da forma mais educada possível, ainda assim foi errada! Não se pode dizer “Não Senhor”! Se ele é, verdadeiramente, Senhor, somente podemos dizer: “Sim Senhor”. Observamos que, depois dessa revelação, Pedro começou a compartilhar com os alimentos dos gentios, alimentos estes outrora considerados impuros: “E quando Pedro subiu a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão, dizendo: entrastes em casa de homens incircuncisos e comeste com eles. Atos 11:2,3”.

Outro ponto crucial nessa questão é que não devemos considerar imundo o que Deus purificou!

Paulo nos ensina que se ater a tais questões, é, na verdade, uma questão de falta de fé: “Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes. Quem come não despreze a quem não come; e quem não come não julgue a quem come; pois Deus o acolheu. Romanos 14:2,3”. Nesse capitulo da Epístola aos Romanos, Paulo declara em vários pontos que todos os alimentos são limpos: “Não destruas por causa da comida a obra de Deus, Na verdade tudo é limpo, mas é um mal para o homem dar motivo de tropeço pelo comer. Romanos 14:20”. O que Paulo nos ensina é que todos os alimentos são limpos, contudo, não devemos dar motivo para que nossos irmãos tropecem na fé por causa de alimentos. Alguém pode ler certo livro e não se sentir perturbado, enquanto um cristão mais fraco pode ler os mesmos livros e ser tentado a pecar. É nesse sentido que Paulo nos ensina que todos os alimentos são consumíveis; o que devemos evitar é que isso afete aqueles que não estão alicerçados verdadeiramente na fé! “Mas, se alguém vos disser: isto foi oferecido em sacrifício; não comais por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; consciência, digo, não a tua, mas a do outro. Pois, porque há de ser julgada a minha liberdade pela consciência de outrem? 1 Coríntios 10:28,29”.

Meus amigos, a Palavra de Deus diz que, se um alimento for consagrado a Deus em ação de Graças, não pode ser considerado impuro: “Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras e têm a sua própria consciência cauterizada, proibindo o casamento, e ordenando a abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e que conhecem bem a verdade, pois todas as coisas criadas por Deus são boas, e nada deve ser rejeitado se é recebido com ações de graças; porque pela palavra de Deus e pela oração são santificadas. 1 Timóteo 4:1-5”. Meus amigos, a Palavra de Deus diz que todas as coisas foram criadas por Deus, e que não devem ser rejeitadas! Será que esses animais considerados impuros não foram criados por Deus? É lógico que foram criados por Deus, motivo pelo qual não podem ser rejeitados se forem recebidos com ações de graças!

Jesus ensinou que todos os alimentos são puros (Mc 7:14-23). Ensinou essa lição novamente a Pedro (At 10), e reafirmou por meio de Paulo (1 Co 10:23-33). Talvez uma pessoa não seja capaz de ingerir determinado alimento por questões físicas (alergias, por exemplo), mas nunca os alimentos devem ser rejeitados por questões espirituais!

Por fim, transcrevo o que bem escreveu o teólogo americano Warren W. Wiersbe: “O legalismo e asceticismo são, sem dúvida alguma, relacionados, pois, com freqüência, os ascetas sujeitam-se a diversas regras e normas: ‘não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro’ (Cl2:21). Certos alimentos ou práticas são considerados profanos e devem ser evitados. Outras práticas são santas e não devem jamais ser negligenciadas. A vida inteira do asceta é envolta por sistema de regras.

Como cristãos, reconhecemos que a disciplina física é necessária à vida. Há quem coma demais e fique obeso. Há quem beba café ou refrigerante demais e fique agitado e irritável. Cremos que nosso corpo é o templo do Espírito Santo (1 Co 6:19,20) e, no entanto, às vezes não cuidamos dele como deveríamos. Paulo disciplinava o corpo e o mantinha sob controle (1 Co 9:27), indicando que há um lugar na vida cristã para o devido cuidado com o corpo. Mas o asceta espera santificar a alma disciplinando o corpo, e é essa heresia que Paulo ataca. Assim como as datas e as dietas não têm valor em termos de santificação, também a disciplina carnal com esse propósito é inútil. Paulo apresenta vários argumentos para advertir os cristãos sobre o asceticismo religioso carnal.”

Desejo que você tenha um excelente dia e um ótimo início de semana, conhecendo verdadeiramente os preceitos de Deus, não se deixando enganar ou se perder na miudeza do legalismo ou do asceticismo.

 “Não vos deixeis levar por doutrinas várias e estranhas; porque bom é aquele que o coração se fortifique com a graça, e não com alimentos, que não trouxeram proveito algum aos que com eles se preocuparam. Hebreus 13:9”.


P.S.: Com relação ao vinho, tema também sugerido pelo leitor, a mensagem já havia sido escrita. Para lê-la clique aqui.

Glossário:

01 – Solham: Calvo - porque a cabeça do gafanhoto dá a impressão de calvície. Na versão em português esta palavra é locusta;
02 – Hargol: Saltador = grilo - usado pelas mulheres judias como remédio contra a dor de ouvidos. Em português é o devorador;
03 – Hagabe: Gafanhoto - deriva de um verbo que significa ocultar. Possivelmente porque quando eles passam por uma região, podem ocultar a luz do sol. Devastador das plantações. Tinha cauda, mas não corcunda;
04 – Querogrilo: Coelho;
05 – Quebrantosso: ave de rapina;
06 – Xofrango: Nome da rabalva ou águia-pesqueira, quando nova;
07 – Açor: Ave de rapina, do gênero falcão;
08 – Mocho: Ave noturna de rapina;
09 – Bufo: Ave noturna de rapina;
10 – Porfirião: Espécie de galinhola;
11 – Poupa: Gênero de pássaros tenuirrostros, com as dimensões de um melro, cuja cabeça é adornada com uma poupa;
12 – Plantígrados: Que anda sobre as plantas dos pés;
13 – Doninha: Mamífero carnívoro digitígrado, de corpo esguio e focinho pontiagudo e;
14 – Musaranho: Gênero de mamíferos que se alimentam de insetos.

Grande Abraço,

Hélio Roberto.

Um comentário:

  1. Quando jesus isso foi pq foi questionado porseu discípulos estarem comendo sem lavar as maos várias vezes como era costume da epoca..porem naquela ocasião nao nao havia nao havia nenhum alimento proibido em levítico 11..e jesus nao aboliriam uma ordem que ele mesmo deu visto que ele sempre existiu desde a eternidade como diz em 1 joao CAP.1. Portanto a carnes imundas citadas na biblia continuam sendo imundas hj..

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