terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Por que Judas precisou beijar Jesus?


E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: o que eu beijar é esse; prendei-o. Mt 26:48


Esse é um dos textos mais emblemáticos das Escrituras. Grandes são as maravilhosas lições que podemos extrair desse versículo, bem como entender o real motivo de Judas ter precisado beijar Jesus no momento de seu ato de traição.
Indo direto ao ponto, é pacífico o motivo pelo qual Judas beijou Jesus: foi para identificá-lo aos soldados romanos. Mas a grande e central pergunta é: Por que Jesus precisou ser identificado?
Jesus precisou ser identificado porque não era, exteriormente, diferente de seus discípulos. Explico: Jesus não dispunha de uma túnica mais brilhante, ou se colocava sobre um estrado quando falava, de maneira que ficasse em posição superior aos seus discípulos; Jesus não se punha acima dos seus, tampouco era cercado de regalias por aqueles que o acompanhavam.
Jesus precisou ser identificado porque se “misturava” com suas ovelhas. Jesus precisou ser identificado porque era ele quem servia, e essa posição de servo não combinava muito com o conceito de liderança da época. Ora, se Jesus fosse diferente dos seus amados discípulos, era só Judas dizer: “Prendam aquele que tem uma capa dourada, ou aquele que dorme em uma tenda enquanto todos os outros estão de fora, ou aquele que come enquanto os outros ficam com fome”.
Se Judas não o fez dessa forma, penso eu que é porque Jesus não tinha uma capa diferente daquelas dos seus discípulos; Jesus não dormia em uma tenda enquanto seus discípulos ficavam ao relento e Jesus não comia enquanto os seus discípulos passavam fome!
Que exemplo maravilhoso o nosso Mestre Jesus nos deixou. Queridos irmãos, e principalmente aqueles que são líderes e Pastores, não se coloquem acima das suas ovelhas; não se encham de regalias e mordomias enquanto seu rebanho passa necessidades e sofrimento; não se coloque como o centro das atenções ao invés de ser o mais servo de todos! Sirva e se misture ao seu rebanho, não cheire suas ovelhas, antes tenha cheiro de ovelha!
Não consigo entender a quantidade de magnatas do púlpito vivendo uma explícita ostentação enquanto suas ovelhas morrem com necessidades cada vez mais básicas. Jesus não foi assim! Chore, clame e cuide de suas ovelhas, afinal, antes de serem suas ovelhas, elas são as amadas ovelhinhas do Senhor Jesus, e Ele cobrará de cada um de nós o cuidado que estamos tendo com suas ovelhas!
Às vezes, esquece-se que a escada da carreira ministerial é uma escada descendo, onde, quanto mais se avança, mais se desce ao serviço! Aquele que acha que a escada da carreira ministerial é uma escada subindo à fama e ao prestígio precisa, antes de tudo, se converter e se arrepender de sua vaidade, e, então, passar a ser o mais servo de seu meio, seguindo o extraordinário exemplo de nosso Senhor Jesus!
Que Deus os abençoe grandemente.
Hélio Roberto.
Twitter: @heliorsousa
Fonte: Artigo escrito e publicado no Gospel Prime.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O crente politicamente correto



Os heróis da fé nunca foram politicamente corretos!

Tenho observado o meio cristão da nossa época e como nos deparamos com irmãos e irmãs que procuram se moldar mais aos padrões do “politicamente correto” do que ao padrão das Escrituras. Muitos vivem suas vidas sob a égide da opinião alheia, inclusive de ímpios, do que sob a baliza e preceitos da Palavra de Deus.

Analisaremos a vida de alguns Heróis da Fé, e não falo de heróis como se estes homens fossem superpoderosos, mas sim como homens que, em meio à decadência espiritual de seu tempo, deram verdadeiro testemunho de ousadia, fé e temor de Deus. Passo a citar alguns desses homens que foram verdadeiros arautos em seu meio, e convido os queridos leitores a uma reflexão profunda quanto às suas atuais convicções, valores e ações. É bem verdade a máxima que diz: “Nossos princípios regem nossos valores; nossos valores regem nossas crenças e nossas crenças regem nossas atitudes”.

Então, o que falar de Jerônimo Savonarola? Este gigante viveu em uma época em que a depravação moral estava pulsando no coração do povo. Entretanto, não se acovardou! O politicamente correto seria falar cuidadosamente e com excessivos eufemismos; todavia, este homem pregou com poder e autoridade a necessidade de arrependimento àquele povo que vivia de forma contumaz na prática do pecado. Ora, o perigo do politicamente correto é deixarmos de falar a verdade das Escrituras, por receio de o ouvinte simplesmente não gostar. Irmãos, a autoridade é das Escrituras! Oremos e, com amor, digamos toda a verdade contida nela.

Não poderia deixar de falar de Jonathan Edwards. Este servo fiel pregou um dos sermões mais conhecidos e impactantes da História do Cristianismo. O famigerado sermão “Pecadores nas mãos de um Deus irado” foi pregado depois de 3 dias de intensos jejuns e orações. Ao subir ao púlpito, dizem os biógrafos, seu rosto brilhava com uma luz que não era desta Terra. Durante o sermão, os ouvintes se agarravam às colunas e aos bancos da Igreja, vez que viam o chão se abrindo e o inferno abaixo de seus pés. Mas será que Jonathan Edwards foi politicamente correto? Será que ele falou com ressalvas ao povo quanto aos seus pecados e necessidade de arrependimento? Obviamente que não! Ele foi, na verdade, autêntico e ousado nas Escrituras Sagradas. E Glória a Deus por isso!

Para não me alongar demais neste artigo, falarei, por fim, de George Whitefield. Este valoroso homem de Deus, considerado como o “príncipe dos pregadores ao ar livre”, certa feita, depois de orar de joelhos diante de uma multidão que ansiosa o aguardava, proclamou qual versículo seria pregado: “É ordenado aos homens que morram uma só vez, e depois disso vem o juízo.” Hb 9:27. Neste momento, ouve-se um agudo grito na multidão! Um homem acabara de cair morto. Novamente George Whitefield lê o mesmo texto, e, em seguida, ouve-se outro grito, e outra pessoa cai morta. Ao invés de se apavorar com o ocorrido, George Whitefield prega com autoridade e poder e conclama o povo ao arrependimento de seus pecados. Mas será que continuar pregando após duas mortes seguidas seria o politicamente correto? Com toda certeza que não!

Quero, enfim, dizer que não precisamos ser politicamente corretos. Precisamos ser autênticos em nossa fé, não deixando de levar a verdade de Cristo àqueles que nos ouvem, sempre submissos ao Espírito Santo de Deus, perseverantes na oração, firmes na Palavra e ousados na pregação do Evangelho de Jesus! Não deixe de pregar o Evangelho e não se molde aos padrões desse mundo. Muitos pregadores e irmãos piedosos estão “amordaçados” porque lhes é imposto uma falsa verdade de que as Escrituras devem ser amenizadas para que as pessoas não fiquem zangadas. Ora, quem convence é o Espírito Santo, e sem confrontar o pecado esse mundo vai continuar achando que tem Deus, ainda que não se arrependendo de seus maus caminhos.

Que Deus os abençoe grandemente.

Hélio Roberto.
Twitter: @heliorsousa

Fonte: Artigo escrito e publicado no GospelPrime.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A dependência de Deus


Esse é o único caminho para a cura interior!


Queridos irmãos, primeiramente quero glorificar ao Senhor Jesus e agradecê-lo por tão maravilhoso que Ele é! Oro para que esse texto te conforte, edifique e transforme, em nome de Jesus.
Neste artigo, estaremos analisando a maravilhosa Palavra do Senhor, mais precisamente o Salmo 13, no qual o Senhor nos revela tesouros e pérolas extraordinárias emanadas da parte de Deus.
De início, começo afirmando que a nossa salvação em Cristo Jesus nos garante a vida eterna com Deus, mas, ainda assim, precisamos permitir que Jesus cure as feridas que porventura venham a existir em nossas almas.
Quero dividir a análise do Salmo 13 em três partes, as quais verificaremos minuciosamente, quais sejam: (1) A nossa humanidade é frágil e limitada; (2) O verdadeiro socorro vem de Deus e (3) A profunda confiança em Deus traz paz, alegria e adoração.
A nossa humanidade é frágil e limitada
O primeiro versículo do Salmo 13 diz o seguinte: “Até quando Senhor? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto?”. Queridos irmãos, é bem verdade que o sofrimento contínuo traz profundo desespero e angústia. Assim como Davi, desejamos profundamente que a dor cesse, e também por muitas vezes bradamos: Até quando Senhor?. Não é raro que nossos corações, enganados pelo desespero, venham a acreditar que estamos desamparados por Deus, quando gritamos: Esquecer-te-ás de mim para sempre?”. Quantas vezes, cada um de nós, cegos e perdidos em nossas dores e confusões pensamos que Deus simplesmente se esqueceu de nós? Chegamos ao ponto de até pensar que Deus não ouve mais nossas orações, e clamamos como Davi: Até quando ocultarás de mim o rosto?.
Esses são sentimentos que retratam nossa frágil e limitada humanidade, e não foi à toa que o Espírito Santo de Deus, de forma divina, direcionou Davi na escrita desse texto, para que víssemos que, assim, como Davi, somos humanos, frágeis e limitados!
O segundo versículo nos ensina de maneira tremenda que devemos nos despir de nossas defesas diante de Deus: “Até quando estarei eu relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração a cada dia? Até quando se erguerá contra mim o meu inimigo?”.
Amados servos de Jesus, diante de Deus não cabem máscaras ou álibis. Não cabe autossuficiência diante de Deus! Somos pó diante do Deus Todo-Poderoso! Como poderíamos achar que nossas máscaras e papéis convenceriam a Deus de alguma forma? Davi fala sinceramente o que aflige a sua alma, sem desculpas ou frases de efeito. Ele diz: Até quando estarei eu relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração a cada dia?”. Precisamos falar para Deus nossas dores. E isso dói! É colocar o dedo na ferida. Mas a ferida só sara quando o pus é expurgado. Irmãos, o primeiro passo para cura interior é: devemos colocar nossas dores, traumas e angústias diante de Deus. Fale para Jesus o que te perturba e machuca. Permita que Ele entre naquele quartinho escuro dentro do seu coração, e possa trazer luz à sua alma!
O verdadeiro socorro vem de Deus
 Após Davi rasgar seu coração na presença de Deus, ele clama pela providência de Deus, pois só Ele é que é Todo-Poderoso! Davi direciona a sua oração ao seu Deus, e isso é extraordinário, pois revela intimidade com Deus. Não se trata de um Deus, ou o Deus, mas do meu Deus! “Atenta para mim, responde-me, Senhor, Deus meu!” (v. 3a).
Deus é quem provê luz em meio à escuridão e ilumina nossa mente e emoções: “Ilumina-me os olhos” (v. 3b). A oração de Davi continua com o clamor para que Deus mantenha viva a sua esperança: “para que eu não durma o sono da morte” (v. 3c).
Ainda falando com Deus, Davi nos ensina que é a ordem de Deus que determina a vitória em nossas batalhas! Veja, a dependência de Deus é a chave para a cura de nossas almas, para que vençamos o que nos aflige: “para que não diga o meu inimigo: prevaleci contra ele” (v. 4a). Queridos filhos de Deus, com a providência e dependência de Deus não vacilamos em nós mesmos! “e não se regozijem os meus adversários, vindo eu a vacilar” (v. 4b). Com Deus, não vacilamos em nós mesmos, na chuva de angústias, rejeições, pensamentos confusos e traumas. Com Deus somos poderosos nas regiões celestes, pois lá já fomos abençoados: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo”. (Ef. 1:3)
A profunda confiança em Deus traz paz, alegria e adoração
Que coisa maravilhosa! A fé genuína na Graça de Deus produz grande alívio e regozijo! “No tocante a mim, confio na tua graça; regozije-se o meu coração na tua salvação” (v. 5). Irmãos, Precisamos decidir confiar em Deus. Peçamos fé! Peçamos que o autor e consumador da nossa fé, avive a nossa fé e nos faça crer, porque a certeza da providência de Deus enche nosso coração de alegria!
Por fim, constatamos que a adoração é a evidência de um coração rendido e quebrantado! Adoração é gratidão e comunhão com Deus, veja: Cantarei ao Senhor” (v. 6a). O Senhor muda nossa História! Nos faz bem, porque somos seus! Aleluia! Porquanto me tem feito muito bem” (v. 6b). No mundo espiritual, estamos no centro da palma da mão de Deus! Se você é filho de Deus, Satanás não pode tocar em um único fio de cabelo seu. O que ele faz é lançar mentiras em nossas mentes, e, quando você acredita, você mesmo é que se implode! Creia na verdade de Deus amado irmão! Ninguém pode tocar em você! Você já é vencedor em Cristo Jesus!
Oro a Deus que o Senhor Jesus fale tão poderosamente com você como falou comigo, e que Ele seja honrado e glorificado a cada instante, por ser tudo em nossas vidas! Converse abertamente com Ele! Peça a sua providência! Creia e o adore! E você verá a glória de Deus te inundando e fortalecendo, sabe por quê? “Então, Ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” 2 Co 12:9a
Que Deus te abençoe poderosamente, em nome do Amado de nossas almas: Jesus Cristo, o nazareno!
Graça e Paz!
Hélio Roberto.
Twitter: @heliorsousa
Fonte: Artigo escrito e publicado no GospelPrime.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

A letra é que mata!

Então pra que estudar a Bíblia?


É comum e até corriqueiro que alguns irmãos digam com pulmões cheios que aquele que se dedica ao estudo mais aprofundado das Escrituras vai acabar “inchado”, ou até mesmo desviará da fé, afinal, a letra mata, e o que vivifica é o espírito!
O texto das Escrituras utilizado como fundamento para esta rotineira declaração está em 2 Co 3:6, que diz: “O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica”.
Mais uma vez, precisamos ter bastante cuidado ao analisarmos o real significado dos textos sagrados. Devemos nos lembrar que a própria Bíblia se explica, não devendo ser inseridos significados que o próprio texto não contém.
Confesso que ao ler esse texto, e com a ideia encucada de que estudar as Escrituras de forma profunda acabaria me matando (matando a minha fé), uma dúvida não deixava de surgir em minha mente: mas por que será que Paulo, um dos maiores estudiosos das Escrituras, diria isso?
Analisaremos de forma cuidadosa e responsável, o que, de fato, esse maravilhoso versículo diz. De início, vamos entender a primeira parte do versículo: “O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança” 2 Co 3:6a. Desse fragmento do versículo aprendemos que fomos constituídos ministros, ou seja, representantes de uma nova aliança. Ora, se há uma nova aliança, é porque também há uma aliança antiga.
Nesse sentido, e sabendo que a nova aliança é Cristo, constatamos que fomos constituídos como representantes dessa nova aliança, ou seja, representantes de Cristo. Veja o que diz a Epístola aos Hebreus: “Por isso mesmo, ele é Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados”. Hb 9:15.
Mas então qual seria a aliança antiga? A aliança antiga é a aliança mosaica, ou seja, a aliança da lei.
Continuando o mergulho no texto de 2 Co 3:6, constatamos que não somos ministros da aliança da letra, mas do espírito: “O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito(…)” Daí concluímos que a aliança antiga, da qual não somos ministros, é a aliança da letra, ou seja, a aliança da lei! Por conseguinte, a nova aliança, ou seja, a aliança em Cristo é que é a aliança do espírito, da qual somos ministros.
Finalmente, chegamos à famigerada frase: porque a letra mata, mas o espírito vivifica.
Essa assertiva é, na verdade, a conclusão do versículo. De fato, a letra (aliança antiga – aliança da lei) mata! E o próprio Apóstolo Paulo confirma isso ao escrever aos Romanos: “Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri”. Rm 7:9. Além disso, a própria lei trazia a pena capital, veja: Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera”. Lv 20:10
No mesmo capítulo (2 Co 3), o Apóstolo Paulo confirma que a aliança da letra é a aliança mosaica: “Estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações”. 2 Co 3:3
Por outro lado, a aliança em Cristo extirpa toda e qualquer condenação de morte, porque o preço pelo pecado já foi pago! Essa verdade também foi escrita na Epístola aos Romanos: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Rm 8:1
Irmãos, vejam que coisa espetacular! O que esse versículo (2 Co 3:6) está dizendo é que a aliança antiga, ou seja, a aliança da lei (aliança da letra) mata, mas que a nova aliança, ou seja, a aliança em Cristo (aliança do espírito) vivifica!
Não há absolutamente qualquer fundamento bíblico em afirmar que esse texto, de alguma forma, está afirmando que não devemos nos aprofundar no conhecimento das Escrituras. Como poderia o fato de conhecer mais a Deus me afastar Dele? Não faria o menor sentido!
Curve seu coração diante das Escrituras. Estude-as com afinco e humildade. Entregue-se ao Espírito Santo e seja cheio da sabedoria e do pleno conhecimento de Deus.
Que Deus te abençoe!
Grande Abraço,
Hélio Roberto.
Twitter: @heliorsousa

Fonte: Artigo escrito por mim no GospelPrime

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Também quero a unção dobrada de Elias


É preciso ter cuidado ao interpretar textos do Antigo Testamento a partir de uma visão pentecostal.


O princípio básico para se entender verdadeiramente um texto das Escrituras é não inserir nesse texto aquilo que o próprio texto não diz. Infelizmente, há aqueles que erroneamente defendem que a Bíblia pode ter mais de uma interpretação. Isso não é verdade. A Bíblia pode até ter mais de uma aplicação, mas apenas uma única interpretação.
Nesse sentido, quero tratar nesse artigo do texto elencado no segundo livro dos Reis, texto que Eliseu pede porção dobrada do espírito de Elias: “Sucedeu que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim”. 2 Rs2:9
Esse texto é comumente interpretado como se o profeta Eliseu estivesse pedindo uma quantidade dobrada do espírito do profeta Elias, ou mais, como se Eliseu estive pedindo o dobro da unção de Elias. Essa é uma interpretação extremamente equivocada. É que essa visão de “unção dobrada” é uma visão pentecostal, conhecida e vivida apenas após a descida do Espírito Santo em Pentecostes. Não estou dizendo que o Espírito Santo não agia no Antigo Testamento, mas que essa ideia de unção dobrada só pode ser entendida depois do Pentecostes.
Eu creio na manifestação dos dons do Espírito Santo, mas não se trata, neste caso, do pedido de Eliseu. Explico: um texto do Antigo Testamento, com exceção dos textos messiânicos e proféticos, deve ser interpretado à luz das Escrituras e da verdade revelada por Deus à época em que esse texto foi escrito.
Veja, a que espírito de Elias o profeta Eliseu se referia? Era o Espírito Santo? Certamente que não, visto que o Espírito Santo não era conhecido à época do Antigo Testamento, confirme revelado no Novo Testamento. Mas então que espírito era esse? Eliseu se referia ao espírito de profeta, ou seja, o espírito por meio do qual o homem de Deus desempenhava seu ministério profético. Eliseu não tinha a revelação da abrangência da ação do Espírito Santo, como a temos hoje.
Ora, se Eliseu não queria unção dobrada, então o que ele queria? Eliseu, quando pede porção dobrada do espírito de Elias, está pedindo para ser sucessor de Elias em seu ministério profético. Por que Elias diria que Eliseu estava fazendo um pedido difícil se o pedido estivesse se tratando de unção, visto que não há dificuldade para Deus abençoar seus filhos? Na verdade, Elias sabia a dificuldade do ministério profético e queria a aprovação de Deus: “E disse: Coisa difícil pediste; se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará, porém, se não, não se fará”. 2 Rs 2:10
No contexto do Antigo Testamento, via de regra, o sucessor das funções familiares era o primeiro filho, ou seja, o primogênito. Ocorre que era devido àquele que seria o sucessor porção dobrada da herança deixada aos outros filhos: Mas ao filho da desprezada reconhecerá por primogênito, dando-lhe dobrada porção de tudo quanto tiver; porquanto aquele é o princípio da sua força, o direito da primogenitura é dele. Dt 21:17
Assim, Eliseu está se colocando, quanto ao ministério profético de Elias, na posição de seu primogênito, ou seja, seu sucessor. O que Eliseu estava pedindo a Elias era para ser seu sucessor no ministério profético, o que foi autorizado e chancelado por Deus.
Lembre-se: devemos ter cuidado ao analisar textos do Antigo Testamento sob a ótica pentecostal apresentada e ratificada apenas com o advento do Espírito Santo, a partir de Pentecostes.
Grande Abraço,
Hélio Roberto.
Twitter: @heliorsousa
Fonte: GospelPrime. Esse texto foi escrito por mim e publicado no GospelPrime.