Queridos
amigos, dando continuidade à nossa série de argumentos sobre a existência de Deus, hoje apresentaremos o quinto argumento. Lembre-se
o que disse John Stott: “Crer é também pensar”. Deus lhe deu uma mente e
inteligência! Use-a e cresça! Não use sua inteligência para contrapor Deus,
você nunca conseguirá isso, mas a use para se aproximar de Deus.
Parte
5 – Argumento do Desígnio Divino
Esse
argumento tem um apelo amplo e perene. Praticamente todas as pessoas admitem
que uma reflexão a respeito da ordem e da beleza da natureza estimula algo em
nosso íntimo. Entretanto, será que a ordem e a beleza são produtos de um
desígnio inteligente e um propósito consciente? Para os teístas1, a
resposta é afirmativa. Os argumentos a favor do desígnio divino são tentativas
de defender essa resposta; de demonstrar por que ela é a mais razoável a ser
oferecida. Tais argumentos foram formulados de maneiras tão ricamente variadas
quanto a experiência na qual estão arraigados. As declarações a seguir
demonstram seu âmago, sua ideia central.
1. O universo
revela uma quantidade surpreendente de inteligibilidade tanto no interior das
coisas que observamos como na maneira como essas coisas se relacionam com
outras externas. Podemos, então, dizer que a maneira como elas existem e
coexistem demonstram uma ordem bela e intrincada e uma regularidade que pode
deixar perplexo até mesmo o observador mais casual.
É a norma natural que muitos seres diferentes trabalhem em conjunto
para produzir o mesmo fim valoroso – por exemplo, os órgãos em nosso corpo
trabalham para manter nossa vida e nossa saúde.
2.
Essa
ordem inteligente é produto de um desígnio inteligente, não de mero acaso.
3.
Nada
acontece por mero acaso.
4.
Portanto,
o universo é produto de um desígnio inteligente.
5.
O desígnio
surge da mente de alguém que o estabelece.
6.
Portanto,
o universo é produto de um Projetista inteligente.
A premissa
1 é verdadeira. Até mesmo os que discordam do argumento concordam
com ela. Só uma pessoa extremamente patética o obtusa não concordaria. Uma única
molécula de proteína possui uma ordem impressionante, e mais ainda uma célula. E
muito mais ainda um órgão como o olho, em que as partes ordenadas de enorme e
delicada complexidade trabalham juntas com inúmeras outras para alcançar um
único fim. Até mesmo os elementos químicos são ordenados para combinar com
outros elementos de determinada maneira e sob certas condições. A aparente
desordem encontrada em certas situações na natureza é um problema exatamente
por causa da imensa abrangência da ordem e da regularidade. Portanto, a
primeira premissa se sustenta.
Se toda
essa ordem não é de alguma maneira o produto de um desígnio inteligente, então
o que seria? Obviamente, ela teria simplesmente acontecido; e as coisas teriam
alcançado o estágio em que se encontram por mero acaso. Mas, se toda essa ordem
não é produto de forças sem propósito e ocasionais, ela resulta de algum tipo
de propósito; que só pode ser um desígnio inteligente. Portanto, a segunda premissa
também se sustenta.
Obviamente
é a terceira premissa que se mostra crucial. Em última instância, os
não-crentes afirmam que realmente por acaso, e não por desígnio divino, que o
universo de nossa experiência existe de maneira como o conhecemos. Ele simplesmente
passou a ter essa ordem, e fica a cargo dos crentes provar como isso não
poderia ter acontecido apenas por acaso. Entretanto, a afirmação dos incrédulos
está incorreta. Logo, são eles que deveriam produzir uma alternativa mais
crível que a ideia do desígnio divino.
E a teoria
do acaso é simplesmente insatisfatória. Não podemos compreender o acaso
apenas analisando-o sobre um pano de fundo ordenado. Dizer que algo aconteceu
por acaso é o mesmo que afirmar que aconteceu de maneira diferente do
que havíamos esperado, de um modo que não tínhamos imaginado. Entretanto, a
expectativa não pode existir sem a ordem. Se anularmos toda ordem e falarmos do
acaso sozinho, como um tipo de fonte derradeira da existência, teremos
retirado apenas o pano de fundo que permite falar de maneira de maneira
significativa a respeito do acaso.
Em vez
de pensarmos no acaso, analisando-o sobre um pano de fundo ordenado,
somos convidados a pensar sobre a ordem – que se mostra intricada e presente –
sobre o pano de fundo sem propósito e aleatório do acaso. Francamente isso
não é crível! Portanto, é perfeitamente razoável validar a terceira premissa – nada
acontece por acaso. A conclusão é que o universo é produto de um desígnio
inteligente.
1ª
pergunta:
Mas a
Teoria da Evolução, de Darwin não demonstra ser possível que toda a ordem do
universo tenha surgido por mero acaso?
Resposta:
De maneira
alguma! Se a teoria de Darwin demonstrou algo, foi: (1) a maneira geral como as
espécies podem ter surgido a partir de outras, através de mutações aleatórias;
e (2) como a sobrevivência dessas espécies pode estar relacionada a uma seleção
natural – a aptidão de algumas espécies de sobreviver num determinado ambiente.
De modo
algum essa teoria pode dar resposta a respeito da ordem presente e inteligível
da natureza. Em vez disso, a teoria pressupõe a ordem. Como diz uma fase
famosa: “A sobrevivência dos mais aptos pressupõe a chegada do apto”. Se os
darwinianos, a partir de sua teoria puramente biológica, insistem que toda a
vasta ordem ao nosso redor é resultado de mudanças aleatórias, estarão
afirmando algo que nenhuma evidência empírica pode confirmar, que nenhuma
ciência empírica pode demonstrar; algo que, em face de evidências, está simplesmente
além de qualquer possibilidade de crença.
2ª
pergunta:
Talvez
apenas em nossa região no universo possamos encontrar a ordem. Talvez haja
outras partes totalmente caóticas desconhecidas por nós; ou, talvez o universo
futuramente se torne caótico. O que acontece com o argumento, então?
Resposta:
Crentes
e não-crentes experimentam o mesmo universo. Ou este é formado a partir de um
desígnio inteligente, ou então ele não é. E este nosso mundo de experiência
comum apresenta uma ordem abrangente e inteligível. Não temos como negar esse
fato. Antes de especular a respeito do que ainda acontecerá ou do eu já pode
existir, precisamos lidar sinceramente como que temos diante de nós. Precisamos
reconhecer de maneira resoluta a extensão surpreendente da ordem e da
inteligibilidade em nosso universo.
Podemos
perguntar: É possível supor que habitamos uma pequena ilha de ordem, rodeada
por um vasto oceano de caos; um mar que ameaça engolir-nos um dia? Consideremos
como, nas últimas décadas, temos alcançado de maneira fantástica os limites de
nosso conhecimento. Lancemos a visão para muito além deste planeta, e atentemos
para os diversos elementos microscópicos que o compõem. O que essa expansão de
nossos horizontes revelou? Sempre a mesma coisa: mais, e não menos,
inteligibilidade; mais, e não menos, ordem complexa e intricada. Não existe
razão para crermos em um caos que nos rodeie; e, ao mesmo tempo, há muitas
razões para fazer isso. Percebemos esse fato claramente pela experiência que
todos nós – crentes e não-crentes – compartilhamos.
Podemos
afirmar algo parecido a respeito do futuro. Conhecemos a maneira como as coisas
no universo têm se comportado. Portanto, até que encontremos razões concretas
para pensar de outra maneira, temos todos os motivos para crer que ele
continuará nesse processo ordenado de decadência. Nenhuma especulação pode
anular o que já sabemos.
Mas,
então, exatamente que tipo de caos o questionador deseja que imaginemos? Que o
efeito precederia a causa? Que esta contradição pode ser desprezada? Que não é
necessário existir algo que traga todas as coisas à existência? Essas sugestões
são completamente ininteligíveis. Se pensarmos a respeito delas, será apenas
para rejeitá-las como inconcebíveis. Por quê? Será que poderíamos imaginar a
existência de menos ordem? Sim. De algum novo arranjo da ordem além do que já
experimentamos? Sim. Entretanto, seria possível a total desordem e o caos. Isso
nunca poderia ser considerado como possibilidade real. Especular a respeito,
como se isto fosse realidade, seria perda de tempo.
3ª
pergunta:
Mas se
a ordem que experimentamos for meramente produto de nossa mente? Mesmo que não
possamos imaginar o caos total e a desordem, talvez a realidade seja assim
mesmo.
Resposta:
Nossa
mente é apenas um meio pelo qual podemos conhecer a realidade. Não temos nenhum
outro meio de acessá-la. Se concordamos que algo não pode existir como ideia,
não podemos afirmar que ele possa existir na realidade, pois estaríamos
pensando em algo sobre o qual afirmamos ser impossível pensar.
Suponhamos
que alguém diga que a ordem do universo é produto de nossa mente. Isso coloca a
pessoal em uma posição bastante constrangedora. Ela estará dizendo que
precisamos pensar a respeito da realidade em termos de ordem e de inteligibilidade,
mas na verdade as coisas podem existir nãod essa forma. Propor algo como
consideração é o mesmo que pensar a respeito disso. Seria o mesmo que dizer:
(a) temos de pensar a respeito da realidade de determinada maneira, mas (b)
como pensamos que as coisas podem na verdade não existir dessa maneira, então
(c) não precisamos pensar a respeito da realidade da maneira como seria correto
pensar a respeito dela! Será que estamos dispostos a pagar um preço tão alto
para negar que a existência do universo demonstra um desígnio inteligente?
Diante das evidências, aquele questionamento não parece ser vantajoso.
Fonte:
Peter Kreeft e Ronald K. Tacelli.
Queridos
amigos, Deus nos fez seres pensantes! Deus não quer que sejamos como
marionetes, mas que o conhecimento nos aproxime mais Dele! Não queira ser maior
que Deus! Ele te ama e quer se revelar pra você, busque-o! Que você possa ser
tocado pelo Espírito Santo de Deus!
“Ainda antes que houvesse dia, EU SOU”. Isaías 43:13a
Grande
abraço,
Hélio
Roberto.
1. O
teísmo é uma doutrina do século XVII que admite a existência de um Deus
pessoal, vivo, causador do mundo e que nele atua através de sua providência e o
mantém. Sua existência poderia ser provada pela razão, prescindindo da
revelação, mas sem negá-la. A despeito disto, o teísmo admite o monoteísmo (a
crença em um só Deus); o henoteísmo (a proposta de adorar um só Deus, mas sem
negar a existência de outros) e o politeísmo (a crença em vários deuses).
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