segunda-feira, 21 de agosto de 2017

O cristão e a música mundana



Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. Fp 4:8



Recentemente, participei de um evento que refletia sobre o que é e a importância da cosmovisão cristã, ou seja, da visão de mundo sob a ótica do Cristianismo. Foram dias fenomenais! Cada palestra mais instigante e edificante do que a outra, e assim se transcorreu a semana.
Entretanto, no último dia, todos os participantes se reuniram para uma espécie de confraternização em um local que eu, na minha ingenuidade, achei que seria apenas uma lanchonete. Ao chegar ao local, percebi que era um barzinho com música ao vivo. Como havia algumas pessoas que estavam de carona comigo, resolvi sentar, comer e então ir embora.
Não obstante o incômodo que o local trazia, pensei que estar junto com os irmãos faria com que o ambiente ficasse mais agradável, afinal, ali estavam pessoas altamente qualificadas e que haviam se comprometido em mudar o mundo, levando os princípios e valores de Cristo!
De repente, o cantor começa a cantar uma música da banda Paralamas do Sucesso. Nessa hora, a maioria esmagadora da mesa (havia cerca de 50 pessoas) começou a cantar, bater palmas e dançar, em sincronia, de um lado para o outro em seus lugares. Olhos fechados, rostos sorridentes e a sintonia das palmas em consonância com a malfadada música era a fotografia do momento.
Irmãos, nesse momento tive vontade de chorar! Meus olhos se encheram de lágrimas. Meu coração ficou apertado. Comecei a falar com Deus dizendo: “Senhor, são essas pessoas que vão mudar o mundo? Eles se esqueceram de que ser amigo do mundo é ser inimigo de Deus?” Continuei falando com o Senhor: “Será que todos aqui estão certos e eu é que estou errado?” Então o Senhor trouxe ao meu coração, instantaneamente, a Sua Palavra: “(…) Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4:4
Após esse evento, pude perceber que o liberalismo e a máxima do “tem nada a ver” têm infectado a Igreja e o povo de Deus. É comum se utilizar a declaração de que a Bíblia não nos proíbe nada, sob a perspectiva de que tudo me é lícito, e que imputar proibições seria, na verdade, uma prática legalista. Veja, essa é, na verdade, uma declaração falaciosa. Legalismo, na verdade, é utilizar a Palavra de Deus para pecar. Legalismo é isolar um versículo da Bíblia, e porque este diz, dentro de um contexto, que todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm (1 Co 6:12), esquecer todo o restante da Bíblia. O verdadeiro legalismo é utilizar as Escrituras como meio de justificação para a prática do pecado!
Entrando mais a fundo no cerne desse artigo, têm surgido, de forma reiterada, notícia pós notícia de que cantores do mundo gospel estão entoando músicas seculares, ou até mesmo frequentando shows da mesma espécie. Desde Kleber Lucas, Thales Roberto, Perlla, Priscila Alcântara e agora o vocalista do Oficina G3, Mauro Henrique, as notícias não param de surgir.
O pior é que essa gente tem arrastado um caminhão de incautos. São líderes sem compromisso verdadeiro com Deus, amantes mais dos seus prazeres do que da presença do Altíssimo. Estamos vivendo tempos em que o diabo tem entrado nas Igrejas, tomando a adoração para si; tempos em que não há mais adoração, e sim desejos, pecados, lucros exacerbados e autopromoção.
Daria para escrever um artigo sobre cada um desses “crentes” citados acima, mas quero me ater apenas à justificava do último deles, Mauro Henrique. Ao ser questionado sobre o fato de ter cantado Beatles em determinado show, a sua resposta foi a seguinte: “Essas oportunidades fazem com que as pessoas que têm algum preconceito da religião percebam que não somos bitolados. Tenho uma relação boa com vários artistas seculares. Música para mim, é música1.” E aí está o motivo pelo qual a simbiose de cantores evangélicos com o mundanismo tem se tornado cada vez mais frequente.
O cerne da questão, como sempre, está no coração. A música, de fato, é algo bastante envolvente, e o fato de músicos que se intitulam cristãos sucumbirem à música mundana ocorre porque estes amam mais a música do que a Deus. Para eles, a música dá tanto prazer que, embora não glorifique a Deus, as suas carnes não conseguem resistir. São pouco, ou quase nada, conhecedores da Palavra de Deus, sempre utilizando máximas como “não julgueis” ou “Deus é que é o juiz”, ou ainda “não seja legalista” para justificarem suas práticas cheias de satisfação egocêntrica e mundana. Hipócritas! Não têm qualquer temor ou reverência a Deus.
Falsos cristãos, amantes de si mesmos, amigos do mundo e dos prazeres do mundo! Escarnecem do evangelho e do nome do Senhor Jesus, gerando escândalos e profanando o nome Santo do Senhor, dando mal testemunho e impedindo que o pecador caído se aproxime de Deus! Como a Palavra do Senhor assegura, serão responsabilizados: “E disse aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos.” Lc 17:1-2
Deus, segundo a Sua Santa Palavra, procura adoradores em Espírito e em verdade. Aqueles, porém, têm profanado o altar de Deus. Deus não habita em meio ao pecado e a Justiça de Deus não tardará em se cumprir.
Há quanto tempo você não vê um aleijado levantar de uma cadeira de rodas? Há quanto tempo você não vê um cego retomar a visão? Há quanto tempo você não vê um portador de AIDS ser curado? Se é que você viu um dia. Ora, Deus mudou? Decerto que não. Deus continua o mesmo. A verdade é que o povo de Deus, ao contrário do que havia na Igreja primitiva (E em toda alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. At 2:43), não há mais temor ao Senhor. Pessoas têm “saído” do mundo com seus vícios e desejos e não permitem que Deus as liberte. Então começam a subir nos púlpitos para cantar, mas com o coração na MPB, no funk e no pop rock. Não se engane, Jesus disse que onde estiver o seu coração, ali estará o seu tesouro.
A Palavra do Senhor nos garante que Deus não relativizou Sua Santidade. O que ocorreu é que Aquele que é Santo, Jesus Cristo, pagou o preço por todos que lhe têm como Senhor e Salvador. E nestes, habita o Espírito Santo de Deus. Ser templo de Deus significa ouvir a voz do Senhor e permitir que Ele nos transforme. Todavia, aqueles que não têm qualquer convencimento de seus pecados assim o estão por não ouvirem mais a voz do Senhor. Suas consciências estão cauterizadas e, como mortos, já não sentem a dor e a culpa pela prática do pecado. A ira de Deus continua existindo, e tem aumentado a cada dia, até que o cálice da ira de Deus transbordará!
Se você se diz crente em Jesus Cristo e não teve sua mente transformada, libertando-o de seus velhos prazeres, práticas e condutas, sinto lhe dizer que você precisa de conversão. Você pode até ainda não conseguir vencer suas lutas contra o pecado, mas o que não pode acontecer, de maneira nenhuma, é você conviver com o pecado achando que em Jesus você pode fazer o que quiser sem qualquer consequência. É a podridão do pecado não te incomodar mais. É você estar com sua mente cauterizada e dormente. É o mundanismo ser tratado como normal e o santo passar a se misturar com o profano.
O Apóstolo Paulo nos diz que, em Cristo temos nossa mente renovada: “E não vos conformeis com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. Rm 12:2. Este termo (renovação) no grego é metanoia, ou seja, completa transformação da mente em Cristo Jesus. Mas atente ao início do versículo: “E não vos conformeis com este mundo”. Conformar com este mundo é tomar a forma do mundo! Faça um exercício voltando ao exemplo no início desse artigo, e reflita: ao ver aquela cena, você diria que se tratavam de pessoas do mundo ou crentes em Jesus?
Ainda com relação à declaração do vocalista do Oficina G3, se ser bitolado é odiar o pecado e o modelo desse mundo, então eu sou sim bitolado, e graças a Deus por isso!
A Bíblia diz: “Apartai-vos de toda aparência do mal”. 1 Ts 5:22. Ora, só a aparência do mal já é algo pecaminoso!
Queridos, a música tem em si uma característica de adoração. Ela penetra no coração! O que tem entrado no seu coração? Você tem guardado seu coração a Deus? Se você ainda tem necessidade de viver as coisas outrora vividas, precisa permitir que Jesus o liberte completamente. Clame a ele e odeie o pecado!
Igreja, clamo com o mais profundo da minha alma: não relativize as verdades de Deus. Não perca tempo com o mundo, nem entregue seu coração àquilo que quer ocupar o lugar do Senhor! A sua comunhão com Deus e a sua eternidade são valiosas demais para serem arriscadas com algo que fará você se parecer com o mundo e com aqueles que escarnecem ao Senhor Jesus!
Apenas a título de exemplo, um dos maiores compositores de música clássica do séc. XIX, Richard Wagner, era satanista declarado, e muitos cristãos o ouvem, sem saber, até os dias de hoje. Cuidado com o que você ouve e adora! Não arrisque. Você tem muito a perder…
Por fim, não conheço um herói da fé que tenha tido profunda intimidade com Deus e tenha perdido tempo com a adoração e o padrão deste mundo!
Que nosso Senhor Jesus te abençoe grandemente e lhe discernimento espiritual para que você não seja enganado por este mundo caído.
Grande Abraço,
Hélio Roberto.

Fonte:
1. https://musica.gospelprime.com.br/mauro-henrique-tributo-beatles/
Artigo escrito para o site GospelPrime.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

O cristão, os impostos e o senso de coletividade


Onde está nosso senso de coletividade no tocante à questão tributária?

 

Como dizia C. S. Lewis, o Cristianismo é puro e simples. O problema é que nós, pela dificuldade de abdicarmos de nossas vontades e desejos, tentamos relativizar as verdades de Deus, apresentando pseudo-justificativas às nossas condutas contrárias à Palavra e ao padrão de Deus.

Nesse breve artigo, quero tratar de um ponto bem controverso, mas que se enquadra perfeitamente no parágrafo introdutório acima: a questão do dever de pagar impostos.

Certa feita, com fim de experimentar Jesus, herodianos e fariseus perguntaram-lhe se era lícito pagar impostos: “Dize-nos, pois: que te parece? É lícito pagar tributo a César ou não?” Mt 22:17. Por detrás da pergunta formulada, havia a intenção de contrapor Jesus perante determinados grupos organizados da época. É que se Jesus dissesse que era lícito, os judeus se levantariam contra ele sob o álibi de que Jesus se submetia inteiramente ao governo de César. Por outro lado, se Jesus dissesse que não era lícito pagar impostos, estaria se associando aos zelotes, grupo revolucionário que se opunha a César, e que era majoritariamente rejeitado pelo povo. Entretanto, a resposta do Mestre foi fenomenal por dois motivos: (1) Jesus conseguiu deixar os seus inquiridores sem resposta; e (2) Jesus nos ensinou que o fato de sermos cidadãos celestiais não anula nossos deveres como cidadãos na Terra. Vejamos a resposta: “Mostrai-me a moeda do tributo. Trouxeram-lhe um denário. E ele lhes perguntou: De quem é esta efígie e inscrição? Responderam: De César. Então, lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” Mt 22:19-21.

Passando ao cerne do artigo em comento, analisemos a questão do dever de pagar impostos por parte daqueles que são filhos de Deus.

Indo direto ao ponto, o que falta àqueles que se eximem dessa obrigação é, em primeiro lugar: temor a Deus, e em seguida: um verdadeiro senso de coletividade.

Explico. Quando digo que falta temor a Deus significa que os cristãos devem cumprir suas obrigações cívicas por amor e temor a Deus, antes de tudo! Devemos dar bom testemunho como filhos de Deus, além de nos submetermos às autoridades e regras impostas por quem de Direito, desde que não contrariem a Palavra de Deus: “Toda a alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.” Rm 13:1-2

Como pode alguém que se intitula cristão sonegar imposto de renda, por exemplo? Arrumar falsos recibos de médicos ou dentistas para fraudar a Receita Federal? Tolos e hipócritas! Acham mesmo que Deus não está vendo? Estão tão embebecidos em suas consciências cauterizadas pelo pecado que nem mesmo conseguem ver a profundidade de seus erros, e não estou nem entrando na questão da mentira em si.

Veja que vexame: um crente em Jesus, pelos motivos do parágrafo anterior, ser pego na “malha fina” pelo órgão fazendário! Com que moral ou autoridade poderemos exortar e confrontar o pecado se muitos de nós sequer cumprem com suas obrigações cívicas? Esse “evangelho de groselha”, fraco, sem consistência e sem mudança de caráter não é o evangelho de Jesus Cristo que durou 2.000 anos!

Outrossim, falta também verdadeiro senso de coletividade. Raramente se vê a questão dos impostos com os “óculos” da coletividade. Veja, quando não se exige o cupom fiscal na padaria ou na farmácia, ou em qualquer outro lugar, é comum que se pense o seguinte: “esse pobre comerciante já paga tantos impostos! Não vou pedir o cupom fiscal. Vou ajudá-lo”. Esse tipo de pensamento está equivocado por dois motivos. Primeiro porque no preço dos produtos já estão embutidos os impostos. Segundo porque quando se deixa de exigir o respectivo cupom fiscal, e, por conseguinte, o regular recolhimento dos impostos por parte do comerciante, está a se lesar toda a coletividade. Veja, você não está beneficiando o vendedor ao fazer isso, você está prejudicando toda a sociedade. Entenda que os impostos recolhidos têm como finalidade a efetivação de políticas públicas que beneficiam toda a sociedade, principalmente os mais carentes que, em sua maioria, dependem dos serviços públicos de saúde e educação, por exemplo.

Quando você deixa de exigir o regular recolhimento tributário por parte do comerciante (por meio da emissão do cupom fiscal), o que você está fazendo é contribuindo para que não haja ambulâncias, viaturas, computadores nas escolas e vacinas nos postos de saúde. Não se engane, você é tão responsável por não exigir a nota, quanto aquele que deixa de emiti-la.

Observe a questão teleológica1 das ações do Governo de alguns estados quanto à questão tributária. Em alguns estados, como ocorre aqui no Distrito Federal, o Governo implementou uma política de incentivos ao cidadão que insere o seu CPF no cupom fiscal. Segundo essa política pública, parte do imposto recolhido é revertido individualmente àquele que exigiu a emissão do cupom fiscal e inseriu o seu CPF.

Veja, é necessário que o Governo incentive as pessoas a exigirem os cupons fiscais tocando em um dos pontos mais decadentes do ser humano: o individualismo. Sabendo que as pessoas se preocupam, originariamente, com seus próprios “umbigos”, o Governo direciona as pessoas a exigirem os cupons fiscais, ao estimular características egocêntricas do ser humano, afinal, eu vou exigir o cupom fiscal porque terei desconto no meu IPVA ou no meu IPTU. Percebe o individualismo?

Não estou dizendo que você não deva aderir a essas políticas públicas implementadas. O que estou dizendo é que, antes de pensar em receber algo para si mesmo, pense nos benefícios que serão trazidos à toda coletividade. Exija o regular recolhimento dos impostos devidos por consciência cívica de que estes impostos beneficiarão todo o país, em especial os mais carentes. Traga em seu coração a preocupação coletiva antes da individual. Se somos cerca de 40% da população brasileira (evangélicos), devemos começar a tomar atitudes que verdadeiramente mudarão a realidade de nosso país. Vivamos Cristo em nosso dia-a-dia.

É bem verdade que a carga tributária brasileira é altíssima. Mas não é sonegando que esta questão será resolvida. Isso será resolvido por meio de educação cívico-política, em que, pelo exercício legítimo da cidadania, conseguiremos influenciar as normas e leis de nosso país.

Por fim, é comum ouvirmos, daqueles que não querer arcar com o dever de pagar impostos, justificativas como: “os políticos utilizam nossos impostos para corrupção”.  Mas será mesmo que o erro da corrupção deve ser motivo suficiente para que incorramos no erro da sonegação? Penso veementemente que não!

Que Deus te abençoe grandemente, em nome de Jesus!

Grande Abraço,

Hélio Roberto.

Referências:
1. Método interpretativo que visa a entender a finalidade e o objetivo de uma norma.


Fonte: Artigo escrito para o site GospelPrime.