“Respondeu-lhes
ele: Assim também vós estais sem entender? Não compreendeis que tudo o que de
fora entra no homem não o pode contaminar, porque não lhe entra no coração, mas
no ventre, e é lançado fora? Assim declarou puros todos os alimentos.” Marcos 7:18,
19
Prezados amigos, esse foi um tema sugerido por um
leitor do blog, motivo pelo qual pedimos orientação a Deus para que
escrevêssemos conforme a Sua santa vontade.
Quero iniciar essa mensagem com a observação de que
não tenho a intenção de falar da religião A ou B; o que faço é
esclarecer determinada questão à luz do que ensina a Palavra de Deus, e esse é
o meu compromisso com nosso Senhor quando escrevo qualquer mensagem:
compromisso com a verdade bíblica!
A questão dos alimentos é bem discutida ainda nos
dias de hoje, e muitas são as dúvidas quanto aos preceitos bíblicos sobre o
tema. No Antigo Testamento, mais precisamente no capítulo 11 do livro Levítico,
há uma série de determinações quanto a quais animais podemos e não podemos
comer:
Animais que podem ser ingeridos: “dentre os
animais, todo o que tem a unha fendida, de sorte que se divide em duas, o que
rumina, esse podereis comer. Levítico 11:3”; “Estes são os que podereis comer
de todos os que há nas águas: todo o que tem barbatanas e escamas, nas águas,
nos mares e nos rios, esse podereis comer. Levítico 11:9”. Poderão ser
ingeridos também os gafanhotos, o solham1, o hargol2 e o
hagabe3.
Animais que não podem ser ingeridos: O camelo, o
querogrilo4, a lebre, o porco; dentre os aquáticos: os que não têm
barbatanas nem escamas, todos os répteis das águas, e todos os animais que
vivam nas águas; dentre as aves: a águia, o quebrantosso5, o
xofrango6, o açor7, o falcão, o avestruz, o mocho8,
a gaivota, o gavião, o bufo9, o corvo marinho, a coruja, o porfirião10,
o pelicano, o abutre, a cegonha, a garça, a poupa11 e o morcego. Todos
os insetos alados que andam sobre quatro pés. Todos os plantígrados12
dentre os quadrúpedes. Dentre os animais que se arrastam sobre a terra: a
doninha13, o rato, o crocodilo, o musaranho14, o
crocodilo da água, a lagartixa, o lagarto e a toupeira.
Bom, esse é um resumo daqueles animais que são
considerados puros e daqueles que são considerados imundos, segundo os
preceitos presentes no Antigo Testamento, através da Lei Mosaica.
Entretanto, com a vinda do Cristo Jesus, os
mandamentos como forma de ordenança foram derrubados, de modo que judeus e
gentios tiveram reconciliação com Deus, por meio de Jesus Cristo: “Porque
ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de
separação que estava no meio, na sua
carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças,
para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz. Efésios
2:14,15”. Ora, os gentios foram admitidos como filhos de Deus, tendo seus
pecados purificados por meio do Cristo Jesus. Em conseqüência, todas aquelas
ordenanças que os distinguiam dos judeus perderam a importância ou foram
purificadas, como a questão dos alimentos imundos, da circuncisão, abominações,
etc, através da Nova Aliança por meio do Cristo Jesus. Tal mensagem é
ratificada pelo próprio versículo-chave desse texto: “Respondeu-lhes ele:
Assim também vós estais sem entender? Não compreendeis que tudo o que de fora
entra no homem não o pode contaminar, porque não lhe entra no coração, mas no
ventre, e é lançado fora? Assim declarou
puros todos os alimentos. Marcos 7:18,19”.
Meus caros, Jesus deixou bem claro que o que faz
mal ao homem não é o que entra pela boca, pois o que entra pela boca vira
excremento! Contudo, o que sai da boca é que faz mal ao homem! Ora, no final
dessa mensagem, Jesus Cristo declarou puro todos os alimentos! Não é o que você
come que te salvará, ou que te impedirá de obter a salvação! O que salva é Cristo
Jesus, APENAS! Ora, se Jesus disse
que todos os alimentos eram puros, é porque alguns alimentos eram considerados
impuros, ou seja, Cristo alterou aquela antiga determinação, dizendo que NADA que entra pela boca do homem pode
contaminá-lo, no que tange aos alimentos ingeridos.
Alguém, com a intenção de polemizar, pode refutar: Então
Jesus declarou o álcool como puro? E eu digo: álcool não é alimento! O que
foi declarado como puro foram os alimentos!
Quando Jesus enviou os setenta discípulos para
pregarem o evangelho, Ele recomendou: “Ficai nessa casa, comendo e bebendo
do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de
casa em casa. Também, em qualquer
cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós.
Lucas 7: 7,8”. Ora, Jesus sabia que os discípulos encontrariam muitos
gentios nessa jornada, e que esses gentios poderiam hospedar alguns dos
discípulos, e ainda assim, Cristo ratificou que tais discípulos poderiam comer
o que lhes pudessem à mesa, corroborando ao ensinamento descrito em Marcos
7:18,19 (versículo-chave).
Observamos uma passagem bem interessante, no livro
de Atos, a qual retrata uma visão do Apóstolo Pedro: “No dia seguinte, indo
eles seu caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado para orar,
cerca de hora sexta. E tendo fome, quis comer; mas enquanto lhe preparavam a
comida, sobreveio-lhe um êxtase, e via o céu aberto e um objeto descendo, como
se fosse um grande lençol, sendo baixado pelas quatro pontas sobre a terra, no
qual havia de todos os quadrúpedes e répteis da terra e aves do céu. E uma voz
lhe disse: levanta-te, Pedro, mata e come. Mas Pedro respondeu: de modo nenhum,
Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. Pela segunda vez lhe
falou a voz: não chames tu comum ao que Deus purificou. Sucedeu isto por três
vezes; e logo foi o objeto recolhido ao céu. Atos 10: 9-16”. Apesar de
Pedro também ter ouvido os ensinamentos de Jesus no tocante aos alimentos (Mc
7:18,19), parece que ele ainda não havia aprendido o que Jesus havia ensinado. E
isso não é tão incompreensível, uma vez que Pedro era um Judeu fervoroso, o
qual vivia sob os preceitos do Antigo Testamento, inclusive quanto às leis cerimoniais;
e com questão aos alimentos não era diferente. É bem verdade que o cerne da
revelação de Deus se referia à salvação dos gentios, fato este que não afasta
os ensinamentos anteriormente apresentados por Cristo.
Como escreveu Graham Scroggie: “é
possível dizer ‘não’ e é possível dizer ‘Senhor’, mas não se pode dizer ‘não
Senhor’!” Apesar de a recusa de Pedro ter sido da forma mais educada
possível, ainda assim foi errada! Não se pode dizer “Não Senhor”! Se ele é,
verdadeiramente, Senhor, somente podemos dizer: “Sim Senhor”. Observamos que,
depois dessa revelação, Pedro começou a compartilhar com os alimentos dos
gentios, alimentos estes outrora considerados impuros: “E quando Pedro subiu
a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão, dizendo: entrastes em casa de homens
incircuncisos e comeste com eles. Atos 11:2,3”.
Outro ponto
crucial nessa questão é que não devemos considerar imundo o que Deus purificou!
Paulo nos ensina que se ater a tais questões, é, na
verdade, uma questão de falta de fé: “Um crê que de tudo se pode comer, e
outro, que é fraco, come só legumes. Quem come não despreze a quem não come; e
quem não come não julgue a quem come; pois Deus o acolheu. Romanos 14:2,3”.
Nesse capitulo da Epístola aos Romanos, Paulo declara em vários pontos que
todos os alimentos são limpos: “Não destruas por causa da comida a obra de
Deus, Na verdade tudo é limpo, mas é
um mal para o homem dar motivo de tropeço pelo comer. Romanos 14:20”.
O que Paulo nos ensina é que todos os alimentos são limpos, contudo, não
devemos dar motivo para que nossos irmãos tropecem na fé por causa de
alimentos. Alguém pode ler certo livro e não se sentir perturbado, enquanto um
cristão mais fraco pode ler os mesmos livros e ser tentado a pecar. É nesse
sentido que Paulo nos ensina que todos os alimentos são consumíveis; o que
devemos evitar é que isso afete aqueles que não estão alicerçados verdadeiramente
na fé! “Mas, se alguém vos disser: isto foi oferecido em sacrifício; não
comais por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; consciência, digo, não a tua, mas a do
outro. Pois, porque há de ser julgada a minha liberdade pela consciência de
outrem? 1 Coríntios 10:28,29”.
Meus amigos, a Palavra de Deus diz que, se um
alimento for consagrado a Deus em ação de Graças, não pode ser considerado
impuro: “Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão
da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela
hipocrisia de homens que falam mentiras e têm a sua própria consciência
cauterizada, proibindo o casamento, e
ordenando a abstinência de alimentos que Deus criou para serem
recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e que conhecem bem a verdade,
pois todas as coisas criadas por Deus
são boas, e nada deve ser rejeitado se é recebido com ações de graças;
porque pela palavra de Deus e pela oração são santificadas. 1 Timóteo 4:1-5”.
Meus amigos, a Palavra de Deus diz que todas as coisas foram criadas por Deus,
e que não devem ser rejeitadas! Será que esses animais considerados impuros não
foram criados por Deus? É lógico que foram criados por Deus, motivo pelo qual
não podem ser rejeitados se forem recebidos com ações de graças!
Jesus ensinou que todos os alimentos são puros (Mc
7:14-23). Ensinou essa lição novamente a Pedro (At 10), e reafirmou por meio de
Paulo (1 Co 10:23-33). Talvez uma pessoa não seja capaz de ingerir determinado
alimento por questões físicas (alergias, por exemplo), mas nunca os alimentos
devem ser rejeitados por questões espirituais!
Por fim, transcrevo o que bem escreveu o teólogo
americano Warren W. Wiersbe: “O legalismo e asceticismo são, sem
dúvida alguma, relacionados, pois, com freqüência, os ascetas sujeitam-se a
diversas regras e normas: ‘não manuseies isto, não proves aquilo, não toques
aquiloutro’ (Cl2:21). Certos alimentos ou práticas são considerados profanos e
devem ser evitados. Outras práticas são santas e não devem jamais ser negligenciadas.
A vida inteira do asceta é envolta por sistema de regras.
Como cristãos,
reconhecemos que a disciplina física é necessária à vida. Há quem coma demais e
fique obeso. Há quem beba café ou refrigerante demais e fique agitado e
irritável. Cremos que nosso corpo é o templo do Espírito Santo (1 Co 6:19,20)
e, no entanto, às vezes não cuidamos dele como deveríamos. Paulo disciplinava o
corpo e o mantinha sob controle (1 Co 9:27), indicando que há um lugar na
vida cristã para o devido cuidado com o corpo. Mas o asceta espera santificar a
alma disciplinando o corpo, e é essa heresia que Paulo ataca. Assim como as
datas e as dietas não têm valor em termos de santificação, também a disciplina
carnal com esse propósito é inútil. Paulo apresenta vários argumentos para
advertir os cristãos sobre o asceticismo religioso carnal.”
Desejo que você tenha um excelente dia e um ótimo
início de semana, conhecendo verdadeiramente os preceitos de Deus, não se
deixando enganar ou se perder na miudeza do legalismo ou do asceticismo.
“Não vos
deixeis levar por doutrinas várias e estranhas; porque bom é aquele que o
coração se fortifique com a graça, e
não com alimentos, que não trouxeram proveito algum aos que com eles se
preocuparam. Hebreus 13:9”.
P.S.: Com relação ao vinho, tema também sugerido
pelo leitor, a mensagem já havia sido escrita. Para lê-la clique aqui.
Glossário:
01 – Solham: Calvo - porque a cabeça do gafanhoto
dá a impressão de calvície. Na versão em português esta palavra é locusta;
02 – Hargol: Saltador = grilo - usado pelas
mulheres judias como remédio contra a dor de ouvidos. Em português é o devorador;
03 – Hagabe: Gafanhoto - deriva de um verbo que
significa ocultar. Possivelmente porque quando eles passam por uma região,
podem ocultar a luz do sol. Devastador das plantações. Tinha cauda, mas não
corcunda;
04 – Querogrilo: Coelho;
05 – Quebrantosso: ave de rapina;
06 – Xofrango: Nome da rabalva ou águia-pesqueira,
quando nova;
07 – Açor: Ave de rapina, do gênero falcão;
08 – Mocho: Ave noturna
de rapina;
09 – Bufo: Ave noturna
de rapina;
10 – Porfirião: Espécie de galinhola;
11 – Poupa: Gênero de pássaros tenuirrostros, com
as dimensões de um melro, cuja cabeça é adornada com uma poupa;
12 – Plantígrados: Que anda sobre as plantas dos
pés;
13 – Doninha: Mamífero carnívoro digitígrado, de
corpo esguio e focinho pontiagudo e;
14 – Musaranho: Gênero de mamíferos que se
alimentam de insetos.
Grande Abraço,
Hélio
Roberto.